Ruído e Preservação da Saúde Auditiva

Na prática clínica otorrinolaringológica são perguntas comuns:

Como funciona o mecanismo da audição?

Meu filho usa muito os fones de ouvido. Isso pode afetar a audição dele?

É possível se proteger contra os efeitos do ruído na audição?

O perfeito mecanismo da audição depende da integridade das estruturas da orelha externa, média e interna. A orelha externa é constituída pelo pavilhão auricular que corriqueiramente chamamos de orelha e o conduto auditivo que deve ser completamente permeável até o tímpano. O tímpano separa a orelha externa da orelha média onde estão os ossículos martelo, bigorna e estribo perfeitamente articulados e móveis que transmitem a onda sonora que faz vibrar o tímpano para dentro da orelha interna ou cóclea. Na cóclea essa vibração causa a despolarização das células auditivas e o sinal sonoro que inicialmente era uma onda mecânica se transforma em sinal elétrico enviado ao cérebro que vai processar, decodificar, identificar e compreender essa informação sonora. Dessa forma o cérebro reconhece uma música, identifica e compreende a voz do seu filho, percebe o ruído do vento e o zumbido de um mosquito voando e escuta o bater de uma porta.

Sim, o uso frequente e por horas seguidas dos fones de ouvido pode levar a perda da audição de forma permanente.

De acordo com dados do IBGE em 2020 cerca de 10 milhões de brasileiros têm algum déficit auditivo, o que perfaz 5% da população, dos quais 2,7 milhões são completamente surdos. A perda auditiva associada ao envelhecimento (presbiacusia) é a causa mais comum, mas o dano auditivo provocado pela exposição a ruídos é frequente, apesar de não dispomos de estatísticas nacionais confiáveis. É muito importante ressaltar que o ruído também é a causa de perda auditiva com maior possibilidade de prevenção. 

Quando algum tipo de som é muito alto ele pode danificar as terminações nervosas dentro da orelha interna e com isso a audição sofre um rebaixamento. Não há nenhum meio até o presente momento de restaurar células nervosas auditivas que morreram, portanto, a perda é permanente. Quanto maior o tempo de exposição a um ruído muito alto, mais danoso ele pode ser para a audição. Quanto mais próxima a fonte sonora está de você, maior a chance de sofrer dano auditivo. Quanto mais intenso é o som menor é o tempo para que a perda auditiva apareça, assim com exposição a um tiro de arma de fogo de 120 dB a perda pode ser imediata.

As pessoas têm sensibilidade diferente ao ruído no que diz respeito ao risco de perda auditiva, portanto se você está sentindo desconforto intenso com algum tipo de barulho agudo (o som de um tiro de arma de fogo que pode chegar a 140 decibéis) ou contínuo (o ambiente ruidoso da indústria com nível médio de 85 decibéis), é comum que um zumbido apareça em seus ouvidos. O rebaixamento transitório dos limiares auditivos após o trauma agudo pode durar algumas horas ou dias e depois haver o retorno aos limiares normais da audição. No entanto, na exposição prolongada como por exemplo numa gráfica, o trabalhador pode desenvolver perda auditiva progressiva enquanto durar a atividade e irreversível mesmo que seja interrompida a exposição. Atualmente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde considera-se que quando a exposição ao som ambiente acima de 70dB (máquina de lavar roupa) durante 24 horas é rotina o indivíduo pode evoluir com perda auditiva.

5 passos para proteger sua audição:

  1. DIMINUA O VOLUME.
  2. SAIA DE PERTO DO RUÍDO.
  3. FAÇA PAUSAS DE REPOUSO AUDITIVO (A CADA UMA HORA DE USO DE FONES, 10 MINUTOS DE REPOUSO. A CADA MEIA HORA, CINCO MINUTOS).
  4. EVITE ATIVIDADES E LOCAIS BARULHENTOS.
  5. USE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO AUDITIVA 

Se você tem hábitos de vida, de lazer, de trabalho, nos quais há exposição prolongada a ruídos, faça uma visita regular a seu médico otorrinolaringologista para que sua audição seja avaliada regularmente e você possa ser orientado de forma segura, preventiva ou em alguns casos, receber a indicação de reabilitação auditiva quando essa se fizer necessária.